Apresentamos a seguir informação sobre a energia solar.
O Sol é a fonte de energia, luz e calor para vida na Terra. A energia do Sol é propagada até a Terra, e outros planetas do Sistema Solar, através de ondas eletromagnéticas. O Sol nos envia esta energia como radiação solar que abrange uma ampla gama de comprimentos de onda e intensidades.
Radiação solar abrange a radiação visível e visível próximo (ultravioleta e infravermelho próximo) emitida do Sol. Radiação terrestre é o termo usado para descrever radiação infravermelha emitida da atmosfera terrestre. As diferentes regiões dessas radiações são descritas pelas suas faixas de comprimento de onda dentro da ampla faixa de 0,20 a 100,00 μm.
Os componentes da radiação solar e terrestre e suas faixas aproximadas de comprimento de onda são:
Na figura abaixo é apresentado o espectro eletromagnético da radiação solar e terrestre.
Aqui o interesse principal é na radiação solar, ou onda curta. Aproximadamente 99% da radiação solar que chega na superfície terrestre está contida na região de 300 a 3.000 nm (0,3 a 3,0 μm) do espectro solar.
O espectro solar consiste das radiações Ultravioleta (UV), Visível (VIS) e Infravermelho (IR), sendo dividido da seguinte forma:
A intensidade máxima de radiação do espectro solar ocorre a aproximadamente 500 nm (0,5 μm), quase na parte final do azul da faixa visível. Na próxima imagem é mostrado o espectro solar com a distribuição espectral da irradiância solar.
A potência radiante total do Sol é quase constante. A produção solar (emitância radiante) é chamada de Irradiância Solar Total (TSI: Total Solar Irradiance). A TSI era conhecida como a Constante Solar (SC: Solar Constant) até que foram descobertas pequenas variações temporais. A Constante Solar é agora definida como a média de longo prazo da TSI.
TSI é monitorada no topo da atmosfera (TOA: Top of Atmosphere) terrestre usando uma variedade de instrumentos espaciais desde 1978. Mudanças pequenas, mas mensuráveis, na produção solar e na TSI estão relacionadas à atividade magnética do Sol. Há ciclos de aproximadamente 11 anos em atividade solar, que são acompanhados por um número variável de manchas solares (áreas frias e escuras do Sol) e fáculas (pontos quentes e brilhantes do Sol). A TSI aumenta durante os períodos de alta atividade porque as numerosas fáculas mais do que contrabalançam o efeito das manchas solares. O gráfico mostrado a seguir ilustra a variação da TSI de 1976 a 2017. Os ciclos solares são indicados pelos círculos cinza, começando no ciclo 21. Os valores da TSI entre 1976 e 1978 foram estimados de diferentes fontes para esta série temporal começar no início do ciclo solar 21.
Do ponto de vista da engenharia, essas variações da TSI são relativamente pequenas (±0,2%), então o conceito de Constante Solar ainda é útil e perfeitamente apropriado em aplicações solares. Os valores históricos da Constante Solar tem variado ao longo dos anos. No início do século 21, o valor da Constante Solar era 1.366,1 ± 7 W/m². De acordo a Gueymard (2018), observações de satélite mais recentes usando sensores avançados e melhores métodos de calibração, no entanto, mostraram que a Constante Solar é um pouco mais baixa, sendo aproximadamente 1.361,1 W/m².
A geometria Sol-Terra é outro fator que afeta a variação da incidência de irradiância solar na superfície terrestre. A órbita elíptica da Terra (com excentricidade de 0,0167) a leva para mais perto do Sol em janeiro e mais longe do Sol em julho. A irradiância solar disponível no topo da atmosfera (TOA) é chamada de radiação extraterrestre (ETR), que é a potência por unidade de área, ou densidade de fluxo, em Watts por metro quadrado (W/m²), irradiada do Sol e disponível no TOA. A ETR varia com a distância Sol-Terra (r) e a distância média anual (ro), de acordo a equação ETR = TSI (ro/r)².
A variação da distância Sol-Terra e a inclinação de ± 23,45° do eixo de rotação da Terra em relação ao plano da sua órbita causa uma variação na disponibilidade de irradiância solar na superfície terrestre resultando nas diferentes estações do ano. A figura a seguir mostra a órbita da Terra em torno do Sol com o eixo N-S inclinado a 23,45° e as estações do ano no hemisfério sul.
Na superfície da Terra, em um dia sem nuvens e ao meio dia, a irradiância solar será de aproximadamente 1.000 W/m² para muitos locais. Enquanto que a disponibilidade da energia solar é afetada pela localização (incluindo latitude e elevação), estação do ano e hora do dia, outros fatores afetando a disponibilidade de energia solar incidente na superfície terrestre são cobertura de nuvem e outras condições meteorológicas locais.
Conforme o balanço energético da Terra ilustrado na figura abaixo, 100% da irradiância solar incidente no topo da atmosfera terrestre é atenuada até atingir a superfície da Terra da seguinte forma:
Aquela porção da irradiância solar que alcança a superfície terrestre (55%) é por sua vez:
O mapa mundial da distribuição espacial da energia solar potencial desenvolvido pela NASA (mostrado a seguir) destaca a ampla variação espacial do recurso solar a nível global. Esta variação ocorre devido aos fatores mencionados acima, dentre vários outros.
Como os principais fatores afetando a disponibilidade de energia solar na superfície terrestre são cobertura de nuvem e outras condições meteorológicas, é apresentado abaixo um gráfico com resultados de medições de irradiância solar que ilustra o efeito da atenuação da irradiância solar incidente devido a diferentes condições atmosféricas, principalmente diferentes coberturas de nuvem.
Por outro lado, nuvens também podem contribuir para um acréscimo da irradiância solar global incidente na superfície terrestre, que é devido ao efeito conhecido como borda de nuvem. Este efeito ocorre quando nuvens esparsas, especilmente Cumulus, se posicionam em relação ao Sol e refletem a irradiâcia solar direta contribuindo com um aumento da irradiância solar difusa, e desta forma intensificando o valor da irradiância solar global. A imagem abaixo mostra condições do céu quando é possível ocorrer o efeito borda de nuvem.
Irradiância solar de 1.832 W/m² foi detectada nos Andes do Ecuador a 3.400 m de altitude devido ao efeito borda de nuvem. No Brasil, o efeito borda de nuvem já contribuiu para os seguintes valores de irradiância solar global:
Os valores de irradiância solar global citados acima são bem maiores que 1.361,1 W/m² da Constante Solar. O gráfico apresentado a seguir ilustra o efeito borda de nuvem.
Devido aos diferentes fatores que afetam a variabilidade temporal e espacial da disponibilidade do recurso solar na superfície terrestre, é recomendado ter a melhor possível determinação da quantidade de irradiância solar incidente em um local para o seu uso apropriado em sistemas de geração de energia, arquitetura, engenharia e agricultura, dentre outros.
A medição da irradiância solar incidente é a forma mais segura de se caracterizar precisamente o recurso solar em um local ou região, desde que utilizando-se um instrumento adequado e devidamente calibrado.
Conforme a radiação solar passa através da atmosfera terrestre, ela é transmitida diretamente, absorvida ou espalhada por moléculas de ar, vapor d'água, aerosols e nuvens. Desta forma, na superfície terretre, a irradiância solar tem as seguintes três principais componentes:
A relação entre DNI, DHI e GHI para ser expressa de forma simplificada pela seguinte equação:
GHI = DNI x cos(ASZ) + DHI
onde ASZ = Âgulo Solar Zenital
Podemos citar outros valores da irradiância solar que podem ser medidos em uma instalação de usina solar (UFV/CSP), incluindo:
Existe um instrumento correto para medir cada uma das três componentes (direta, difusa e global) da irradiância solar incidente em uma superfície.
Pireliômetro Eppley
Piranômetro Sombreado por Disco e Faixa de Sombreamento Eppley
Piranômetro com Termopilha e FV
Os instrumentos listados acima medem radiação solar de onda curta nas faixas visível e infravermelho do espectro solar (285 a 2.800 nm). Outros instrumentos incluem pireliômetros e piranômetros espectrais, que medem a irradiância solar direta e global, repectivamente, em várias faixas espectrais do espectro solar.
Também se deve levar em consideração as aplicações do recurso solar, como em agricultura, climatologia, meio ambiente, meteorologia, teste de materiais, sistemas FV, que requerem diferentes instrumentos para a devida medição da irradiância solar global (GHI ou POA). Mencionamos a seguir algumas dessas aplicações e os instrumentos mais apropriados para as mesmas.
Um pireliômetro ou piranômetro tem que ser conectado a um registrador de dados (datalogger) para a leitura, armazenamento e pós-processamento dos dados das medições realizadas da irradiância solar incidente. A conexão entre os equipamentos é feita através de um cabo.
Irradiância Solar | W/m² (Watt por metro quadrado) |
Potência por unidade de área |
Irradiação Solar | Wh/m² (Watt-hora por metro quadrado) |
Energia por unidade de área |
Pireliômetos e piranômetros são classificados de acordo com as suas qualidades de medição pela International Organization for Standardization (ISO) e a World Meteorological Organization (WMO). As classificações de pireliômetos e piranômetros são especificadas nos seguintes documentos:
A ISO e WMO usam diferentes denominações nas suas classificações de pireliômetos e piranômetros.
A tabela abaixo sumariza as classes de pireliômetro segundo a ISO e WMO.
Instituição | Classificação de Pireliômetro | |||
ISO | Classe AA |
Classe A |
Classe B |
Classe C |
WMO | Padrão Primário |
Padrão Secundário |
Alta Qualidade |
Boa Qualidade |
Um piranômetro operacional pode ser classificado conforme a sua qualidade de medição em três classes segundo a ISO e WMO.
Instituição | Classificação de Piranômetro | |||
ISO | Classe A |
Classe B |
Classe C |
|
WMO | Alta Qualidade |
Boa Qualidade |
Qualidade Moderada |
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